Festa de Encerramento do Ano Letivo

Fotos da festa de encerramento do ano letivo, com a turma 2.3 (2009).


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Narrativa UNICAMP 2008 - Cláudia Maria Coleoni

Saí do consultório médico abalada. Minha mente divagava, passeando por aquele infindável corredor, esquivando-se, desajeitada, das barreiras que a vida acabara de me impor, tentando esquecer o que definitivamente faria parte de mim a partir daquele momento. Meus passos eram indefinidos e pareciam me levar a lugar algum. Aliás, desejei não ter de ir a lugar algum. Desejei estar sonhando. Desejei não existir, mas existia. E precisava lutar para continuar existindo.

Sentei-me num canto da sala de espera, isolada, com minha nova realidade em mãos, sem acreditar no que via. Reli em voz alta: “AIDS”. Aquela palavra fez o tempo parar, fez meu mundo desmoronar, fez-me querer fugir de mim mesma, correr para o passado, mudá-lo. Senti minha garganta apertar, o fôlego esvair. O som daquelas letras aos poucos foi me consumindo, impregnando meus pensamentos. “O que meus pais pensarão de mim? E os meus amigos? O que será de minha vida agora?”. As dúvidas pairavam e as incertezas crescentes me fizeram estremecer. Nunca temi tanto o amanhã como temi naquele dia.

O primeiro empecilho encontrava-se na minha própria casa. Ao chegar do médico, subi apressadamente as escadas em direção ao meu quarto. Bati a porta com força e pus-me a chorar, desolada. Meus pais subiram logo em seguida, aflitos, querendo saber o que acontecera. “Tenho AIDS, tá legal? A-I-D-S!”, gritei em meio aos meus soluços.

Não gostaria de ter ouvido o que ouvi de meu pai logo em seguida, mas foi inevitável. “Nossa filha é uma… promíscua?”. Minha mãe nada disse e, a partir daí, só ouvi choros e o inconformismo de meu pai, que não admitia tal situação, questionando-se da minha desatenção para com as informações sobre a AIDS, já tão difundidas. Como se não bastasse, meu pai pôs-se a reclamar dos gastos que teria com o tratamento da minha doença. Não seria fácil, disso eu bem sabia. Em meio a essa turbulência toda, sentia-me a vilã da história, assumindo o papel que deveria ser da AIDS. Meus pais não conseguiam encontrar nenhum outro culpado além de mim e isso me frustrava. Parte da pequena esperança que ainda habitava meu ser evaporou e se perdeu naquela atmosfera de insegurança que rapidamente se formou ao meu redor.

Se em casa não encontrei apoio, na universidade não foi diferente. Quando as pessoas se deparavam com minha decadente figura, não viam a mim, mas a um monstro. Eu era o HIV personificado, envolto por uma nuvem de preconceitos. Afastavam-se de mim como se um aperto de mão, um beijo, um abraço ou até mesmo um olhar fosse contagiante. Formulavam as mais diversas teorias de como eu havia adquirido o vírus, ridicularizando-me, atropelando meus sentimentos e minha fragilidade humana. Ninguém compreendia que o vírus era o transmissor e não eu. Era como se o mundo todo estivesse encoberto por uma camisinha que barrava a mim e não a doença; que me excluía ao invés de me incluir; que dava voz aos outros e não a mim; que me fazia desacreditar na possibilidade de reabilitação da minha saúde algum dia.

Caminhando de volta para casa, reparei no pôr-do-sol que se iniciava na linha do horizonte, lindo, imponente, único. Nunca o havia visto sob aquele ponto de vista… Deixei a luz penetrar minha vida sombria, impotente e vazia, trazendo uma mistura de certeza com traços singelos de paz e esperança ao meu ser. Subitamente, percebi: eu precisava mudar meu ponto de vista em relação a mim mesma. Enquanto me deixasse levar pelos comentários que as pessoas faziam, jamais mudaria meu mundo. Estava na hora de esquecer os preconceitos, iniciar meu processo de autoaceitação; acreditar que o sol nasceria mesmo em meio a minha maior escuridão; cultivar aquela luz; transcendê-la através do tempo, deixá-la colorir as páginas indefinidas do meu futuro, transformando pacientemente minha desesperança em fé e meu medo em esperança.
Amanheceu minha vida.


Veja aqui a Proposta de Redação UNICAMP 2008


SOBRE O AUTOR
Cláudia Maria Coleoni
Turma: 2.3 Ano: 2009
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Narrativa UNICAMP 2008 - Juliana Gobbi

Aquele cheiro de hospital nunca me reprimiu, mas naquele dia embrulhou meu estômago. Sentia a bile subindo a garganta. O som do tic-tac do relógio tornava a espera ainda mais longa. Fiquei mergulhada em pensamentos, em meu ato negligente que me rendera toda aquela preocupação.
Uma voz dissipou meus pensamentos, era o Doutor Danilo chamando pelo meu nome. Entramos no consultório, em silêncio absoluto.

- Eu sinto muito, mas os exames revelaram que a senhorita é soropositiva, disse ele.

Lágrimas escorriam pela minha face, um choro de desespero. Demorei alguns minutos para me acalmar, e então o doutor disse:

- Sei que é difícil, sinto muitíssimo mesmo. Mas o quanto antes começarmos com os medicamentos melhor vai ser o resultado. Eu vou lhe explicar como a sua doença funciona.

Só disse que sim, eu já sabia como a doença funcionava, afinal era uma enfermeira. Mas eu só não queria sair dali, a sala me protegia dos olhos preconceituosos das pessoas quando soubessem, era como uma armadura na qual queria viver para sempre. Queria acordar e descobrir que tudo era um sonho, que três meses antes não tivesse nenhum paciente com overdose, e que eu não tivesse me furado com a agulha que tinha sido usada para fazer-lhe punção.

Impossível, já estava infectada. A dor só crescia, o sentimento de culpa se agravava, chorei por noites e noites. Tentei ser forte, mas era pedir demais naquele momento. É tão difícil acordar,e saber que você tem AIDS e não pode fazer nada a respeito.

Eu me sentia deslocada da população, a ovelha negra que ninguém queria por perto. Perdi amigos, alguns familiares tiveram repulsa quando souberam, várias pessoas com quem me relacionei terminaram o relacionamento quando lhes contei sobre minha doença. O preconceito era grande demais, maior que minha dor por estar doente, era como minha doença, sem cura. E para piorar a minha situação, tive que sair do meu trabalho que tanto amava, por estar sempre em contato com pacientes enfermos, pela minha imunidade agora deficiente.

Teve um tempo em que entrei em depressão, tive vontade de morrer, não agüentava mais me privar de certas coisas, não agüentava mais aquele coquetel de remédios diários. Mas, para minha sorte, não fiquei sozinha, ainda havia pessoas bem informadas sobre minha doença que me deram todo o apoio. Não foi fácil superar, nem aceitar conviver com o preconceito, com a doença, com o meu descuido, mas consegui ter uma vida quase normal.

Voltei a fazer o que eu mais gostava: ajudar as pessoas, mas agora cuido do lado psicológico delas em uma clínica terapeuta, pessoas como eu, infectadas pelo vírus HIV, mostrando-lhes que nem tudo estava perdido e eu era um exemplo disso.


Veja aqui a Proposta de Redação UNICAMP 2008


SOBRE O AUTOR
Juliana Gobbi
Turma: 2.2 Ano: 2009
Juliana está cursando Enfermagem.
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Preconceito Sexual ou Convenção Social? - Alexandre Montesso Bonomi

"Há em nossa sociedade, desde a antiguidade até os dias atuais, o emprego da palavra "preconceito" em muitos de nossos conceitos sociais. Este é tema de diversas discussões que deveriam ser, de uma vez por todas, abolidas. Uma das mais violentas formas de preconceito é o que diz respeito à homossexualidade.

Não é novidade a tomada de convenções sociais por nossa sociedade, sendo elas atuais ou conservadas de tempos anteriores. Tomando o casamento como exemplo, quem foi que disse que o mais certo é casar-se e não morar apenas sob o mesmo teto? E quem o limitou para os heterossexuais? Decidido por um grupo limitado de pessoas e aceito pela sociedade em geral, este é apenas um exemplo que revela que não há sentido para o preconceito sexual, senão a convenção social, passando muitas vezes imperceptível no dia-a-dia.
Essas convenções fazem com que mantenhamos opiniões preconceituosas de épocas diferentes da nossa, e fazem também com que algumas delas se tornem completamente inaceitáveis. Somando-se a isso, é raro encontrarmos pessoas que mudariam essas opiniões conservadoras apenas com uma conversa ou campanha.

Valendo-se ainda dessas opiniões, existem nos dias atuais pessoas que evitam homossexuais, negam-lhes favores ou serviços e chegam a agredi-los física ou psicologicamente. Porém, ao contrário do que aconteceria com um heterossexual, não há proteção aos homossexuais e esses preconceitos chegam a ser debochados e logo esquecidos por aqueles que o fazem.
Desta maneira, os homossexuais sofrem preconceito de todos os tipos de uma sociedade que prega a liberdade de expressão e não consegue aceitá-los; de uma religião que prega o livre arbítrio, mas tenta impedi-los de uma vida; de uma política que prega a igualdade de direito a toda uma nação, mas não consegue incluí-los.
Essas pessoas, assim como qualquer outro ser humano, têm sentimentos e, com tais ações preconceituosas, podem sofrer de depressões e passar grande parte de suas vidas em completa tristeza.

Quem sabe se um dia encontrarmos o porquê de muitas de nossas ações e repudiarmos aquelas que são nocivas a qualquer pessoa, poderemos viver em um mundo mais consciente e, por consequência, um mundo sem preconceitos, sejam eles sexuais, raciais ou religiosos."


Veja aqui a Proposta de Redação sobre Homossexualidade


SOBRE O AUTOR
Alexandre Montesso Bonomi
Turma: 3.2 Ano: 2009
Alexandre cursou Informática - Blog do Alexandre
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Preconceito: um problema sem solução! - Caroliny Evangelista

No decorrer dos séculos, muitas mudanças acontecem em nossa sociedade: os valores sociais vão se transformando e situações inesperadas surgem constantemente, mudando até mesmo os princípios morais em vigor.

Como exemplo, podemos citar a homossexualidade, que desde o século XIX é considerada uma das causas de mudanças dos valores morais da humanidade. Os homossexuais chegaram a ser considerados portadores de anomalia ou mesmo criminosos nos séculos passados, e o preconceito permanece até os dias atuais.

A Igreja Católica, desde o seu princípio, exerce excessiva influência sobre a sociedade. Para os homossexuais, ela sempre foi uma grande barreira, pois impede a realização da união civil entre eles. A Igreja justifica essa atitude com a afirmação de que se houvesse a liberação desse tipo de matrimônio, ela afetaria os valores morais da humanidade e isso seria um ato indevido.
Como resultado dessa influência da Igreja na forma de pensar das pessoas e também na política dos países, antigamente os homossexuais eram quase invisíveis na sociedade, por não demonstrarem muito a sua opção sexual, devido ao medo do julgamento das pessoas e de serem condenados pela sua nação. Na Alemanha, por exemplo, foram tratados da mesma forma que judeus e na Inglaterra acabavam muitas vezes sendo enforcados.

E esse preconceito expressado na religião, também ocorre no mercado de trabalho, o qual ainda não se adaptou totalmente à inclusão dos homossexuais. As oportunidades de emprego para eles continuam escassas e o preconceito que sofrem para a contratação é igualado ao que é dirigido a negros e deficientes físicos e mentais. Muitas vezes, aqueles que conseguem uma vaga são excluídos e descriminados pelos colaboradores das empresas, aumentando ainda mais a dificuldade e a barreira enfrentada por eles para trabalhar.

Sabemos que esse preconceito vem diminuindo, porém ainda existe em demasia. Se houvesse um maior respeito em relação à opção sexual de cada um e a conscientização das pessoas sobre a liberdade de escolha, ou seja, o livre arbítrio e sobre o direito de uma vida privada, esse grande problema que é o preconceito e tantos outros seriam amenizados e desse modo a convivência entre as pessoas seria melhor e talvez o sonho de uma sociedade que respeite as diferenças poderia se tornar realidade. Mas será que algum dia isso se concretizará?


Veja aqui a Proposta de Redação sobre Homossexualidade


SOBRE O AUTOR
Caroliny Evangelista
Turma: 3.1 Ano: 2009
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Respeito Legal - Aline Prata

Igualdade Social. Este vem sendo o objetivo que une e move uma grande massa composta por todos os sexos, etnias, condições sociais e – por que não? – opções sexuais ao redor do mundo.

A nossa sociedade sempre pregou ideais contra qualquer tipo de preconceito. Motes como “liberdade de escolha”, “direitos iguais para todos” foram bradados aos quatro ventos. Porém, ao trazê-los para nossa realidade cotidiana, notamos quanta hipocrisia essas falas escondem; principalmente no que diz respeito à homossexualidade. Prova disso é o próprio código penal, no qual existe um artigo que torna crime discriminações por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil na hora da contratação de funcionários; mas ainda não faz menção à opção sexual.

Devemos levar em consideração que as leis nada mais são que um reflexo das demandas da própria sociedade, a qual, apesar de vir evoluindo ao longo dos anos, mostra-se em sua maioria, indiferente a essa luta, ignorando e/ou negligenciando o fato de que os homossexuais são um grupo crescente que também faz parte da nossa sociedade e cujos direitos devem ser assegurados por lei, como os de qualquer outro grupo.
Em uma sociedade dita “democrática”, é preciso uma postura ativista de todos para garantir a igualdade dos direitos e deveres de cada um. Sem isso, continuaremos a notar o desequilíbrio e o desrespeito na interação e no comportamento social de nossos cidadãos.


Veja aqui a Proposta de Redação sobre Homossexualidade


SOBRE O AUTOR
Aline Prata
Turma: 3.3 Ano: 2009
Aline cursou Geomática - Blog da Aline
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Morte e Vida Severina

(...)


“—— Severino, retirante,

deixe agora que lhe diga:

eu não sei bem a resposta

da pergunta que fazia,

se não vale mais saltar

fora da ponte e da vida

nem conheço essa resposta,

se quer mesmo que lhe diga

é difícil defender,

só com palavras, a vida,

ainda mais quando ela é

esta que vê, severina

mas se responder não pude

à pergunta que fazia,

ela, a vida, a respondeu

com sua presença viva.

E não há melhor resposta

que o espetáculo da vida:

vê-la desfiar seu fio,

que também se chama vida,

ver a fábrica que ela mesma,

teimosamente, se fabrica,

vê-la brotar como há pouco

em nova vida explodida

mesmo quando é assim pequena

a explosão, como a ocorrida

como a de há pouco, franzina

mesmo quando é a explosão

de uma vida severina.”

(Morte e Vida Severina. João Cabral de Melo Neto)



Thaís Rodrigues de Oliveira:
O carpina diz a Severino que não há modos de explicar a vida. Nós, humanos, não temos capacidade de explicar ou nos convencer dos motivos da vida: a vida, por si só, se explica. Naturalmente, a vida se renova, mesmo que fraca e miserável como no nordeste; a vida com seu espetáculo, valendo ou não a pena, continua.


Mariana Franco:
Severino pergunta se não é melhor deixar a vida que viver naquelas condições de retirante e, em vez de uma resposta, o que se segue é um acontecimento que mostra o espetáculo da vida: uma criança que tinha tudo para não nascer e que nasceu, e foi recebida pela vida. Ou seja, mesmo quando as circunstâncias são as piores, a vida continua, ela teima em continuar.


Dayane Xavier Pinto:
Encontrar respostas para todas as perguntas e indagações da vida é praticamente um tarefa impossível. Para a vida e o sentido para viver não há palavra que resuma ou justifique, apenas os sinais do próprio viver. Como disse Clarice Lispector: "viver ultrapassa qualquer entendimento", afinal até quando a vida caracteriza-se como "severina" ela encontra formas de nos surpreender e nos devolver a coragem para viver.


Monique Cristina de Oliveira:
Na mensagem final do texto, observei que José, homem simples, não encontra ao certo a resposta para a dúvida de Severino: se no final vale a pena ter vivido naquelas condições em que se encontravam. Porém, após o nascimento da criança, atreve-se a fazer uma reflexão de que na vida existem altos e baixos e às vezes as coisas não acontecem da forma como gostaríamos. No entanto, sempre há uma esperança que nos guia e nos permite vivenciar as coisas boas da vida, que muitas vezes são raras, mas o fato de existirem já faz com que tenha valido a pena e ameniza, e ameniza o sofrimento de se ter uma vida severina.


Kathelem Santiago Santos:
Não há como responder se vale a pena viver ou não, só o presente de ter a vida pode nos responder isso, pois se temos a oportunidade de viver o espetáculo da vida, mesmo que não tenhamos tudo do bom e do melhor, mesmo que passemos por dificuldades, por fome, devemos ao menos tentar ter uma existência digna e não desisitir de nós mesmos. Só a pessoa que aprecia a vida é capaz de entender se vale a pena ou não viver, independente das condições financeiras, pois alguma coisa boa a vida pode nos proporcionar em algum momento.


Tamires Zupirolli Fernandes:
Por mais difícil que a vida possa ser, ela é feita para ser vivida. Há momentos difíceis em que a morte parece ser a única saída para uma vida melhor, mas será que se matar não é injusto? Se explorarmos o mundo, vamos ver que há pessoas que sofrem mais do que nós.
No final do texto, percebe-se que Severino já fica na dúvida se vale meso a pena desistir da vida, após tudo o que ele presenciou.
Existem vários tipos de vida severina, sendo uma melhor ou pior que a outra. No final, Severino não consegue concluir se a dele é realmente a pior de todas, embora não existam argumentos suficientes para expressar por que vale a pena continuar com essa vida. Passa a impressão de que ele quer deixar a vida continuar, pois, quem sabe, algo pode mudar.



Mony Gabrielle Toledo Belori:
No trecho final é lançada a mensagem de que a vida não deve ser tratada como algo corriqueiro, mas deve ser apreciada em cada detalhe, mesmo quando surge nas condições de maior adversidade e sofrimento, enfim, que a vida deve ser considerada como uma dádiva e jamais deve ser menosprezada.




Thaís, Mariana, Tamires, Monique e Kathelem;
À frente: Mony e Dayane.

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A dor do progresso - Camila Reis Peregrino

As epidemias já dizimaram diversas populações das mais distintas regiões da terra, devido à rapidez de disseminação que elas apresentam. A peste bubônica, a febre amarela, a gripe espanhola e, recentemente, a gripe suína são alguns exemplos de doenças que aterrorizaram a população, principalmente pela facilidade de contágio e pela falta de informações até então existentes. No entanto, apesar do grande número de mortes que os surtos de doenças geralmente provocam, ainda é
possível obter consequências positivas desse problema imposto à humanidade.

Não há nada mais eficiente que o medo e o pânico causados pela morte de milhares de pessoas, vítimas de uma nova doença, para unir as forças mundiais em prol da sobrevivência da própria humanidade. É dessa união desesperada que novos conhecimentos científicos e avanços tecnológicos são alcançados, os surtos epidêmicos são contidos e toda a sociedade é beneficiada.

Isso sem mencionar o fato de que, principalmente nos países subdesenvolvidos, onde a saúde pública enfrenta sérios problemas de descaso governamental, as autoridades são pressionadas a atentar para a necessidade de investimentos nesse setor, uma vez que grande parte da população depende de tais serviços e, em épocas de epidemias, passam a exigir tal direito.

As campanhas preventivas que se instalam nessas épocas também são extremamente benéficas para a vida em sociedade, pois, na maioria das vezes, a prevenção é principalmente a intensificação da higiene pessoal, o que ajuda a prevenir diversas outras doenças, contribuindo para a saúde da população.

Além disso, mais uma vez o homem é lembrado que, independente do sexo, da cor da pela e da classe social, ele encontra-se suscetível ao contágio de qualquer doença, sendo, portanto, a igualdade entre os seres humanos provada.

Sendo assim, apesar de toda dor e de todo desespero que inevitavelmente os surtos epidêmicos geram, é inegável o fato de que grande parte do progresso da humanidade só se tornou possível por meio deles. Infelizmente, o homem precisa de motivadores cruéis como a dor para unir esforços e lutar para o bem de toda uma sociedade.




SOBRE O AUTOR
Camila Reis Peregrino
Turma: 3.1 Ano: 2009
Camila foi monitora da Área de Humanas do Colégio. Seu texto foi selecionado para o Prêmio Gazeta de Limeira 2009.
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Um século de aprendizado - Laís Verzenhassi Toledo

O ano era de 1918 e havia milhares de corpos estendidos em lugares públicos. A morte se tornou tão comum naquele ano que cenas assim já não faziam parte da ficção, mas vistas diariamente.
Naquele ano, os rostos rosados de moças e rapazes tomavam estranha coloração e manchas apareciam em seus corpos febris; calafrios e desconforto os acompanhavam até o momento em que seus pulmões, cheios de fluidos, perdiam a capacidade de respirar e seus corpos se entregavam à morte. Morreu-se em corredores de hospitais, velou-se às pressas e enterrou-se em qualquer lugar.

A gripe espanhola deixou mais de 40 milhões de mortos e foi a mais devastadora pandemia já vista na história. O homem nada pôde fazer para vencer sua própria fragilidade diante da natureza.
Quase um século depois, a humanidade se deparou novamente com uma doença de semelhante capacidade letal: a gripe suína.Começou timidamente e logo já virou pandemia, espalhando o medo a toda população.
A mídia constantemente anunciava notícias sobre a gripe e todos sabiam quais eram os sintomas e principalmente como manter-se longe do contágio.

Apesar do pânico que as constantes informações, quase sempre negativas, sobre a pandemia causavam, a mídia teve papel fundamental no sentido de impedir que a doença tomasse proporções maiores, o que não ocorreu em 1918. Ao contrário, na época, os países omitiam a contaminação e não divulgavam informações para evitar que seus soldados fossem impedidos de lutar na Primeira Guerra.

A medicina, a ciência e a tecnologia também tiveram imensa participação nos rumos que a pandemia tomaria. Apesar de ser uma perigosa mutação do vírus da gripe e ser uma doença desconhecida, muitas foram as medidas tomadas para evitar mortes, e a gripe, quando tratada no início, não chegava a ser fatal.
Enfim, a gripe suína, após já ter atingido sua fase mais devastadora, parece estar sob controle e as perdas deixadas foram de 3200 mortos em todo o mundo.

Muito há o que lamentar pelas vidas que não foram salvas, mas também há o que aplaudir: o mundo soube reagir com inteligência diante de uma epidemia tão devastadora, 90 anos de avanços ajudaram a poupar milhares de vidas. Tais avanços devem, sim, ser aplaudidos, porém o maior aprendizado que a humanidade pôde levar não foi o sentimento de evolução em relação às décadas passadas e sim a certeza de que, apesar do elevado grau de desenvolvimento e tecnologia que obtivemos, ainda estamos restritos à condição humana, que é tão grande em suas conquistas e criações e ao mesmo tempo tão frágil diante das desventuras da mesma natureza que nos criou.




SOBRE O AUTOR
Laís Verzenhassi Toledo
Turma: 3.2 Ano: 2009
Laís foi monitora da Área de Humanas do Colégio. Seu texto foi escolhido como finalista do Prêmio Gazeta de Limeira 2009.




Premiação
no Teatro Vitória
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Festa de Lançamento












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Fotos durante as aulas

Nossos estudos

Fotos tiradas durante as discussões das aulas de Português.






 






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O Último Pedaço de Pizza - Gustavo Alexandre Crosgnac Fracalossi

O final de semana havia sido maravilhoso, a festa com toda a família no domingo à noite encerrou o feriado com todos os pratos pesados possíveis: pizza, macarrão, lasanha etc. Era de se esperar que tudo aquilo tivesse que sair.
- Júlio, vá dormir, querido, você tem aula amanhã! – avisou minha mãe.
Acabei o meu último pedaço de pizza e fui direto pra cama.
No dia seguinte, primeiro dia letivo do 9º ano, acordei como se tivesse dormido cedo, a ansiedade e a alegria de reencontrar os amigos me mantinham acordado. Como era de costume, minha mãe me deixou na porta da escola. Aproveitei a meia hora antes da primeira aula da melhor maneira possível, colocando todas as novidades das férias em dia com o pessoal.
O sinal bateu. Entrei na sala de aula e procurei a cadeira em que costumava me sentar desde o 6º ano: fileira do meio, no meio da fileira. Quase ao mesmo tempo que os alunos, entrou o novo professor, de física, o professor com fama de mau e detentor do respeito de todos os alunos da escola.
- Não acredito que caímos com esse professor, ainda mais na primeira aula da semana. – sussurrou Betina.
- Ele não deve ser tão ruim quanto dizem. – opinou Zeca.
- Silêncio!!! – ordenou o professor A. Nosliw.
- Esquece – disse Zeca.
O professor começou a aula, nem se apresentou, preferiu que conhecêssemos outra “pessoa”, a cinemática.
Já estávamos na metade da primeira das duas aulas de física quando aquele maldito último pedaço de pizza, aquele que eu insisti em terminar, decidiu que precisava sair de qualquer jeito. Decidi agüentar, mas não conseguia. Fechei os olhos por um momento: a dor parecia mais forte. Quando abri os olhos, vi Maria saindo da classe.
- Não acredito, ele deixou a Maria sair? – perguntei a Zeca.
- É, corajosa essa Maria, acho que ele deixa sair a primeira pessoa que pede pela coragem. – brincou Zeca.
Não agüentava mais: a dor era mais insuportável que qualquer bronca que eu viesse a levar, que qualquer banheiro sujo da escola que eu tivesse que usar.
- Sr. Nosliw, posso ir ao banheiro?
- Tem gente lá fora.
- Eu sei, mas e quando ela voltar?
- Ah, não.
- Mas Sr. Nos...
- Chega.
Já estávamos no final da primeira aula, Maria havia voltado e o professor insistia em falar da cinemática enquanto eu suava frio na carteira usando todas as minhas forças para controlar o monstro dentro de mim. Me levantei, caminhei até o Sr. Nosliw e simplesmente falei a verdade:
- Sr. Nosliw, eu realmente preciso ir ao banheiro, é uma emergência.
Ele se curvou e fez um sinal para eu chegar mais perto e me respondeu:
- Então chame os bombeiros.
Nem pude implorar; precisei voltar à carteira, já que era mais fácil agüentar a dor sentado do que em pé. O professor não pensou duas vezes antes de voltar a falar. Me coloquei a pensar em uma maneira de sair, talvez correndo que nem louco... não. Até abrir a porta, o Sr. Nosliw já teria me segurado. Que tal gritar um palavrão na sala de aula para que ele me mandasse para fora? Com o Sr. Nosliw não ficaria só por isso, ele acabaria comigo pelo resto do ano e não me mandaria apenas para fora, com certeza ganharia uma suspensão de uns três dias.
Pensar e segurar aquela dor não era possível. Só de parar aqueles cinco minutos para pensar, a dor tinha ganhado uma enorme vantagem sobre mim. Precisava sair naquele instante. Levantei a mão; o professor foi mais rápido.
- Pare com isso, garoto, parece que está quase cagando nas calças!
- Mas eu pr...
- Essa nova geração não agüenta nem duas míseras aulas, qualquer copinho de água que tomam antes de entrar na sala já é desculpa para sair! Na minha época, nós não tínhamos nem coragem de pedir uma coisa dessas para o professor.
- Professor.
- Vá, vá logo.
- Deixa pra lá, não preciso mais sair.


SOBRE O AUTOR
Gustavo Alexandre Crosgnac Fracalossi
Turma: 2.1 Ano: 2009
Gustavo cursou Construção Civil, e produziu a arte do blog.
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Uma entrevista de trabalho - Elisa Dell'Arriva

- Roberto Siqueira. – chamou a recepcionista.

O homem dirigiu-se ao balcão, assinou sua presença, e então caminhou até a terceira porta a direita , onde seria sua entrevista. Bateu na porta entreaberta.

- Pode entrar.

O rapaz o fez.

- Com licença, senhor.

- Sente-se, por favor. Alberto, certo?

- Roberto. Roberto Siqueira.

- Claro. Desculpe-me a confusão. São tantos nomes... Enfim, você é publicitário, certo?

- Correto.

- Você já trabalhou em algum lugar?

- Sim. Já trabalhei para a sede brasileira da Coca-Cola Company.

- Isso é bom. Mas por que você não trabalha mais?

- Pedi demissão. Queria começar a trabalhar como publicitário.

- E o que você fazia lá?

- Eu era atendente do SAC via telefone.

- Ah! Percebo. E você já trabalhou em alguma empresa como publicitário?

- Não. Esta é minha primeira tentativa.

- E você já fez algum trabalho independente? Publicou alguma coisa? Como publicitário, lembre-se.

- Eu já fiz histórias em quadrinhos para o jornal da escola quando adolescente. Mas não eram destinados a fins comerciais.

- Sei. Agora... como você pode ajudar a minha empresa na função de um publicitário?

- Como publicitário eu posso melhorar as suas propagandas, torná-las mais atrativas. Assim você conquistará um maior público consumidor, gerando mais lucros...

- Sei, sei. E como você pretende conseguir fazer o que está me dizendo que fará?

- Bem... Caso eu seja contratado, discutirei a melhor solução com a equipe de publicidade da empresa.

- Ah, claro. – o entrevistador respirou fundo e prosseguiu - Caro Siqueira, chegamos ao fim. Lamento dizer-lhe que você não conseguiu essa vaga. Mas agradeço-lhe por tentar.

- Tudo bem. Acontece. – disse o entrevistado. E manteve-se sentado na cadeira, fitando o entrevistador.

- Pois é. Mas continue tentando.

Silêncio.

- Você já pode se retirar. Não tenho mais perguntas.

- Antes que eu vá... – falou o entrevistado – O senhor pode me dizer como chegar até a sala da presidência? Preciso conversar urgentemente com meu avô.

- Seu avô? Na sala da presidência? – questionou o entrevistador, cético.

- É onde fica o presidente de uma empresa, não?

O entrevistador mostrou-se abismado e entrou em profundo silêncio. Parecia assistir a um filme que passava exclusivamente em sua cabeça.

- Não tem problema. Eu pergunto para a recepcionista.

Roberto pronunciou tais palavras e começou a andar vagarosamente em direção a porta. Foi somente quando já estava com a mão na maçaneta que ouviu de novo a voz do entrevistador. Soava um pouco receosa.

- Sr. Siqueira. Espere um minuto. Surgiu uma outra vaga para publicitário na equipe no departamento cinco. Interessa-lhe?



SOBRE O AUTOR
Elisa Dell''Arriva
Turma: 2.3 Ano: 2009
Elisa está cursando o 2º ano do curso de Informática.
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Uma chamada mal entendida - Lucas Schiolin Silveira

Era quarta-feira, à tardezinha. Estava em uma reunião importante, resolvendo pendências, mas tudo dentro da simples normalidade. Eis que entra afobada (e como sempre, descabelada), a secretária:

– Seu Nunes! Seu Nunes!

Pedi licença, retirei-me da reunião, e fomos até o hall. Algo me dizia que aquilo não era boa coisa. Disse:

– Acalme-se, Sandra! Sente-se, respire fundo e diga-me: o que aconteceu?

– Ai, Seu Nunes! Seu filho se machucou e foi para o hospital.

– Meu Deus! Explique isso direito!

– Sua mulher ligou. A ligação estava ruim. Ela queria falar com o senhor e eu disse que não era possível porque estava em reunião. Então ela me pediu para passar o recado: ”O menino caiu do escorregador e foi levado para o hospital”. Depois a ligação caiu.

Fiquei transtornado. Meu filho estaria bem? Sabia que não devia tê-lo colocado na pré-escola. Ele só tem três anos! Liguei para a escola e perguntei:

– Sou o pai do menino que se machucou no escorregador, e quero saber para onde ele foi levado.

– Ele foi levado para o N. Senhora de Lourdes, aqui no bairro São Marcos. Mas pode ficar tranqüilo, Seu Nor...

Não esperei terminarem de falar, e desliguei o telefone. Estava desesperado. Corri para o carro, e fui até o hospital. Estranhei não ver minha mulher lá. Encaminhei-me certeiramente ao Pronto-Socorro e perguntei:

– Eu sou o pai de Tiago Nunes, menino de três anos, que chegou aqui após ter se machucado. Onde ele está?! Está bem?!

– Acalme-se senhor. Primeiro eu gostaria de ver seu RG, e então...

– SENHORA! – interrompendo-a – Depois eu resolvo essas burocracias! Agora, me diga: onde está o meu filho!

– Se o senhor não se acalmar, vou ter que chamar a segurança!

– Mas é só a senhora me dizer onde está o...

– Segurança!

Não teve jeito. Mesmo gritando, e dizendo poucas e boas, fui levado à porta do hospital. Tentei entrar novamente, mas não me deixaram. Então peguei o celular liguei para casa. Minha mulher, calmamente, atendeu. Eu disse:

– Estou aqui no hospital... O que aconteceu com o Tiago? Por que você não está aqui?

– Como assim? Do que você está falando?

– Ora! O menino não se machucou na escola?

– Não! Ele está aqui em casa. Não quis ir hoje. Eu liguei lá para avisá-los e a Sônia, secretária da escola, me disse que o filho do Norberto tomou um tombo e foi para o hospital. Eu acho que devemos...

Interrompendo, eu disse:

– Mas você ligou na empresa dizendo que “o menino caiu do escorregador e foi levado para o hospital”!

Ela riu, e disse:

– Eu falei à secretária que “Seu Firmino achou o encanador que tinha consertado a cozinha do Aderbal”.

Aliviei-me. Lembrei que o cano da cozinha havia estourado, e Seu Firmino, o síndico, iria encontrar um encanador. Tudo não passava de um mal-entendido. Voltei para casa tranqüilo, pensando em uma desculpa para dar ao meu chefe, por ter saído daquela reunião importante.



SOBRE O AUTOR
Lucas Schiolin Silveira
Turma: 2.1 Ano: 2009
Lucas cursou Informática e fez parte da equipe responsável pelo Blog
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Não importa, é virose - Giulia Cristina Ortolan

Lourdes já estava nervosa. Fazia quase uma hora que ela havia chegado ao hospital e ainda esperava chamarem a sua senha.
- 506
- Sou eu – gritou.
Ela encaminhou-se então para sala do médico. Entrou, sentou-se e olhou logo para o crachá do médico onde se lia “Dr. Batista”.
- Então doutor, eu estou...
- É virose!
- Mas doutor, eu sequer contei o que estou sentindo.
- Não importa, é virose. Está comprovado que 90% das pessoas que passam por aqui se curam com remédios para virose. Vou lhe receitar um!
- Mas doutor, eu estou preocupada!
- Ora, preocupada com o quê? Uma moça jovem como você provavelmente tem a saúde em dia, não precisa analisar, é virose!
- Mas como o senhor pode ter certeza se eu ainda não lhe contei quais são os meus sintomas?
- Tudo bem, se faz tanta questão diga quais são eles.
- Bom, eu amanheci com febre alta, sinto dor na garganta e...
- Como eu disse! Virose.
- Mas doutor, não estou com diarréia nem vômitos, eu estou com os sintomas da gripe suína.
- Já lhe disse que se trata apenas de uma virose,
- Mas e se eu estiver com a gripe do porco?
- Não está!
- Como tem certeza? Não fiz nenhum exame até agora.
- A senhora está doida? Eu lhe digo que é apenas uma virose e a senhora insiste em ter uma doença mais grave.
- Doido está o senhor que insiste que tenho virose!
- E é o que a senhora tem, agora pegue esta receita, vá à farmácia e compre seu remédio.
Lourdes pega o papel e sai em disparada, nervosa com o médico.
-507 - chamou a secretária.
O próximo paciente encaminhou-se para a sala do médico.
- Então doutor, eu estou com uma dor nas costas e...
- Já sei, é virose!



SOBRE O AUTOR
Giulia Cristina Ortolan
Turma:2.1 Ano: 2009
Giulia está cursando o 2ºano de Qualidade e Produtividade.
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Depoimento da equipe do Blog

Logo que a proposta nos foi apresentada, sentimos que todo o grupo ficou animado e viu nela uma oportunidade a mais de trabalhar não só a Língua Portuguesa, mas também o senso crítico.
As nossas decisões sobre o desenvolvimento do blog, a partir da idéia da professora Flaviana, foram tomando forma nos intervalos das aulas, pela internet com e-mails e MSN e pelo telefone, em pouco mais de um mês, com muito esforço e dedicação não só da equipe, mas também da classe nomeada para acompanhar a criação.

Para que o serviço não pesasse para um só, tudo foi dividido entre a equipe. Alguns alunos ficaram com a criação do blog em si, outros com as postagens, um com ilustração, outros com divulgação, preparação da festa de lançamento entre outras tarefas.

A interação do grupo ficou maior, conseguimos superar algumas barreiras, compartilhar idéias e aprender a trabalhar a Internet, hoje tão banalizada, como fonte de cultura e aprendizado.
Estamos animados com essa nova oportunidade. O blog será uma ferramenta a mais de trabalho, uma forma de incentivo à redação e uma maneira de não deixar que se apaguem os bons textos produzidos por nós, alunos do COTIL.

Agora, é com a gente, mostrando que realmente também sabemos escrever.
Boa leitura!



SOBRE OS AUTORES
Carolina Carneiro de Freiras e Alex Bruno Gusmão
Turma: 2.1 Ano: 2009
Carolina e Alex são alunos do curso de Construção Civil e fazem parte da equipe responsável pelo Blog.



Equipe do Blog - 2.1D:

Alex Bruno Gusmão - CCD
Carolina Carneiro de Freitas - CCD
Gustavo Fracalossi - CCD
Lucas Schiolin Silveira - INFD
Jéssica Lima de Godoi - QPD
João Gabriel Affonso - INFD

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Relato de experiência - Profª. Flaviana Fagotti Bonifácio

Olimpíada de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro

RELATO DE EXPERIÊNCIA

COTIL – COLÉGIO TÉCNICO DE LIMEIRA
PROFª. FLAVIANA FAGOTTI BONIFÁCIO
LIMEIRA/SP


Quando nos inscrevemos na Olimpíada de Língua Portuguesa, não tínhamos a mais vaga idéia de como as coisas iriam acontecer, de como o trabalho seria conduzido, de como seria o programa. Mas pensávamos que deveríamos aceitar o desafio, que não poderíamos ficar de fora dessa jornada e assim procedemos.
Ao verem a propaganda da Olimpíada na televisão, os alunos vieram nos consultar e felizmente mostraram-se curiosos e manifestaram o desejo de participar, pois já o fazem também com as conhecidas Olimpíadas de Matemática e Física e vêem nisso uma oportunidade de se auto-avaliarem, já que, na nossa escola, os estudantes almejam uma vaga na universidade ou no mercado de trabalho e reconhecem o valor das oportunidades que, por ventura, possam levá-los a essas conquistas.
No entanto, foi uma surpresa muito grande quando recebemos o material. Não havia perguntas sobre conteúdos da Língua Portuguesa (como chegamos a imaginar), mas tratava-se de um rico trabalho de leitura e de produção de textos. Tratava-se de levar o aluno a ler, a discutir, a debater, a formar e expor seu ponto de vista, utilizando o gênero textual do artigo de opinião.
Chegamos a pensar que talvez não fosse possível cumprir todas as etapas do programa no nosso apertado calendário escolar, com uma grade de apenas quatro aulas semanais de Língua Portuguesa. No entanto, a oportunidade de desenvolver a competência leitora e o poder de argumentação vinha ao encontro de muitos dos nossos objetivos no projeto pedagógico da escola. Lembro-me de que uma das professoras disse: “Programando as oficinas no calendário, dá para ver que vai ser complicado, mas temos que fazer.”
Todos os professores de língua materna de nosso colégio, que se propuseram a trabalhar, consideraram, de imediato, a riqueza do material que nos foi enviado e foram unânimes em dizer que haveria ali uma contribuição muito grande para o desenvolvimento da leitura e escrita crítica. E foi assim que as coisas começaram em julho deste ano.
Desde a primeira oficina tratamos de ler... E tratamos também de muito conversar sobre o material lido. Falamos sobre a finalidade dos textos, sobre os temas, sobre autoria. Naquele momento, penso que, no geral, eles não viam a possibilidade de também ter o seu texto bem articulado, coerente, maduro nas suas argumentações. Sei disso porque muitos se surpreenderam ao ler o texto da aluna Joice Zilli da Silva, de 11 anos, publicado no caderno de atividades em que ela abordava a polêmica instalação de uma mina de carvão em sua doce Içara. Um dos alunos disse: “Ela tem 11 anos e escreve assim? Ela está no Ensino Fundamental e escreve assim? Imagine quando ela estiver no Ensino Médio? Eu não conseguiria escrever o que ela escreveu.” E, de novo, conversamos. Como em outras situações, tivemos que discutir isso melhor. Tive que mostrar a eles que um texto simplesmente não acontece assim num passe de mágica; que há ali trabalho sistematizado, leitura, pesquisa, escrita e, sobretudo, reescrita. E que compreender isso é também parte da aprendizagem.
A maior dificuldade para os alunos esteve mesmo no principal objetivo das oficinas propostas: construir uma argumentação consistente e válida.
Ficou claro, desde as primeiras atividades, que eles sabiam falar sobre as situações de produção do texto, sobre seus objetivos, sobre o público leitor e, porque já havíamos tido outras oportunidades de trabalho com textos dissertativos em outras aulas, no geral, conseguiam marcar os principais argumentos apresentados pelos autores dos textos utilizados nas oficinas. Porém, desde que relacionaram questões polêmicas e assumiram posições contrárias ou favoráveis, esbarraram, muitas vezes, na dificuldade de sustentar o ponto de vista, mesmo quando o faziam oralmente. Nesse sentido, as atividades sugeridas nas oficinas que tinham por objetivo levá-los a construir argumentos, a antever argumentos contrários, a conhecer e usar expressões que articulam o artigo de opinião foram fundamentais. Creio que elas constituíram a melhor parte da Olimpíada.
Assim, fomos trabalhando de acordo com o que era proposto em cada etapa até chegarmos à hora de decidir o tema para o artigo de opinião final.
Como nossa escola recebe alunos de várias cidades da região, por se tratar de um colégio que, além do ensino médio, oferece cursos técnicos, foram surgindo temas muito específicos de um ou outro município. Diante de interesses tão distintos, resolvi agrupá-los por cidades e temas em cada classe e solicitei que trouxessem material de pesquisa para compartilhar e discutir com os demais membros do grupo. Houve debate e divergência de idéias, o que os levou a uma tomada de posição. Só depois disso passaram à produção do texto individualmente.
Ao final, não posso dizer que recebi duzentos e tantos textos exemplares das seis classes com as quais trabalhei, nem jamais tive essa expectativa. Mas posso assegurar que recebi textos de todos os alunos e que houve crescimento para muitos e muitos deles. Com muita propriedade, apontaram o crescimento da cidade de Limeira com a vinda das empresas de jóias folheadas, mas criticaram o despejo de substâncias químicas e metais pesados na rede de esgoto, nos rios e mananciais do município; mostraram a excelência do atendimento nos hospitais públicos de Paulínia, apontando, por outro lado, os problemas de superlotação que enfrentam com a vinda de pessoas de outras cidades que não podem contar com os mesmos serviços onde moram; abordaram a polêmica instalação de radares móveis em Rio Claro; alertaram para a contaminação do Ribeirão Piraí em Salto decorrente da ocupação desordenada das áreas próximas ao local; falaram da nova rodoviária de Campinas e dos problemas advindos com o abandono da antiga estação; posicionaram-se para mostrar os males das queimadas da palha de cana-de-açúcar e o conseqüente desemprego causado pela futura mecanização das colheitas em cidades como Cosmópolis, Iracemápolis, Araras, Piracicaba e diversas outras da região. Desdobraram-se, enfim, em tantos outros temas polêmicos relevantes.
Hoje, ao relatar essas experiências, tentando avaliá-las melhor, acredito que tivemos a felicidade de encontrar fatores que influenciaram muito no sucesso da aprendizagem: boa estrutura, organização, clareza dos objetivos, material de qualidade. Mas creio ainda que tivemos a sorte de contar com um fator principal: boa vontade de todos os envolvidos, sobretudo dos próprios alunos. Temos na nossa escola o privilégio de contar com jovens que querem fazer, que assumem com o professor o desafio de tentar. Não há melhor estímulo ao trabalho do educador.
Em um tempo de descrédito à educação, de apatia e indiferença, é preciso reconhecer momentos como esses: de parcerias, de construção, de crescimento; reconhecer também os esforços feitos para um bem necessário e urgente que é o de fortalecer a educação.
Esta foi sim uma experiência gratificante e enriquecedora, e o saldo mais positivo é o que fica para os alunos: o sentimento de que eles devem tomar partido nas questões que diretamente os afetam; o sentimento de que eles podem agir localmente, podem conseguir influenciar outras pessoas a fazê-lo também, promovendo mudanças sociais, utilizando para isso a linguagem argumentativa dos artigos de opinião.
Limeira, 14 de novembro de 2008.
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Recolhendo as cinzas - Ricardo Vilhar Peretti

O município de Cosmópolis, localizado no interior paulista, é conhecido pela hospitalidade de seus moradores e modo de vida tipicamente pacato. A cidade, que conta com alguns pontos comerciais e poucas indústrias, tem boa parte de sua renda ligada à produção e exportação do açúcar proveniente da cana, atividade desenvolvida pela usina local e que movimenta grandes quantias de dinheiro. O cultivo de cana-de-açúcar vem ganhando destaque até no cenário internacional, principalmente depois das discussões envolvendo países desenvolvidos e subdesenvolvidos quanto ao uso do biodiesel. O combustível, que pode ser extraído da planta, acaba deixando a nossa cidade em posição privilegiada e atrai cada vez mais investimentos. Entretanto, o que poucos sabem é que por trás desse crescimento há uma série de prejuízos, já que as queimadas nos canaviais ainda são freqüentes e normalmente feitas de maneira indiscriminada.

A questão das queimadas, que durante muito tempo esteve esquecida, voltou à tona após a aprovação de uma polêmica lei estadual que prevê a redução gradativa do uso de fogo nos canaviais até 2021 para áreas planas e até 2031 para as de maior declive. A lei paulista atinge diversas cidades do Estado, cujas economias estão atreladas à produção de açúcar, produto que tem o Brasil como maior exportador mundial.

Por um lado, os defensores das queimadas alegam que essa prática facilita o trabalho de corte para os bóias-frias, aumentando a produtividade e, conseqüentemente, a remuneração desses trabalhadores. Além disso, a falta de condição dos pequenos agricultores cosmopolenses impossibilita a compra de equipamentos sofisticados que dispensam o uso de fogo.

Entretanto, apesar das dificuldades encontradas, a substituição das queimadas pelas máquinas de corte de cana torna-se indispensável, visto que os malefícios desse procedimento são incalculáveis. Primeiramente, podemos citar a poluição atmosférica como fator extremamente negativo, já que a fuligem e outras partículas lançadas no ar, quando inaladas, provocam vários problemas respiratórios e reações alérgicas, prejudicando muito a população, sem contar os altos gastos para o Sistema Único de Saúde decorrentes das inúmeras internações. Outro ponto de destaque é o empobrecimento do solo, que tem seus nutrientes evaporados e todos os microorganismos de reciclagem da matéria orgânica mortos.

Só as vantagens ambientais já são suficientes para demonstrar a necessidade do fim das queimadas. Contudo, existe um aspecto social em jogo: o que fazer com bóias-frias desempregados pela mecanização das plantações? É a partir desse entrave que os governantes devem mostrar competência, recolocando-os gradativamente em empregos formais, com carteira assinada e direito a aposentadoria, algo que eles atualmente não possuem. Da mesma forma, o Estado poderia oferecer subsídios fiscais aos pequenos produtores e auxiliá-los na formação de cooperativas agrícolas, o que facilitaria a aquisição de máquinas e outras tecnologias.

Há mais de 50 anos que não existem grandes mudanças nas técnicas de colheita da cana-de-açúcar. Está na hora de investir em melhoria dos maquinários ou nas condições de trabalho, e não mais na diminuição de custos como muitos ainda fazem. Essa lei significou um grande passo em prol do bem-estar da sociedade e preservação do meio-ambiente e terá seus benefícios como prova de que foi a melhor decisão tomada. E assim esperamos que um dia não haja mais cinzas que ofusquem as belezas de Cosmópolis.



Ricardo Peretti e Profª Flaviana Bonifácio
Premiação da OBLP 2008

SOBRE O AUTOR
Ricardo Vilhar Peretti
Turma: Ano: 2008
Ricardo foi medalhista de Bronze na Olimpíada de Língua Portuguesa em 2008
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